Rosane
Porto
Houve um tempo...
Um tirano baixou um decreto:
As letras viraram traços inertes na folha pálida
De onde a vida também se expirara.
Traços... reproduções, desenhos, cópias.
E a gente que copiava virou cópia de outras gentes.
E a gente que lia, calou-se diante do mundo óbvio.
Silêncio... faz tempo!
Mas não puderam te calar, menino!
No teu sono embalado pelas histórias
Fizeste do livro teu refúgio, teu amigo, tua casa,
E assim descobriste o segredo:
Palavra vira brinquedo e ambos têm gosto de
infância.
E agora, um pouco maior, mas com alma de criança,
E agora, cidadão do mundo, lês o jornal, ouves a
notícia.
E ao te perguntares por que a Humanidade anda tão
triste...
Percebes, menino, que a palavra tua, num momento,
De brinquedo virou impacto.
Alegra-te! A isto um sábio chamou letramento.
Letramento, menino, tu me perguntas: O que é?
Deixo que os sábios te respondam.
Talvez, te digam eles, com sérias palavras de
filósofos:
Letramento é dimensão social.
É quando a escrita e a leitura são expressão,
comunicação.
Letramento é exercício de cidadania. Tfouni diria.
Sem dúvida, profundo sentido de humanização.
Paulo Freire: Letrar? É alfabetizar. É processo de gentificação.
Emília Ferreiro: Letramento? Não!
A escrita da escola é a escrita da vida. Tudo é
alfabetização!
E quem sabe Rubem Alves nos falasse: Encarnação...
Sóbrias, distintas, nobres são as palavras dos
sábios,
Mas tu me dizes, menino, que não te tocam o
coração.
Então – sugiro – vamos perguntar às crianças.
Espontâneo, um outro menino nos sorri:
Letramento? Hum!!!! É um doce feito de letras!
Tem sabor de saber: o mais doce que já
inventaram...
Mas porque ainda tu insistes em ouvir minha
resposta,
Respondo-te, assim, singelamente...
Não, não somos considerados sábios, eu sei.
Mas somos, simplesmente, meninos e meninas...
Letramento? Queres saber ainda?
Em nosso dizer de criança, de aventura, de
inexperiência
Letramento... São as violetras!
Violetras... Letras que explodem nas páginas
pálidas
E vão enchendo de cores os livros
E vão derrubando os decretos dos tiranos, dos
silêncios...
Letras que desabrocham e viram vida
E nessa mistura mágica, a gente vira gente, de
verdade.
Especialmente para a Professora Lídia Allebrandt...
Você testemunhou de uma forma intensamente linda que "letra é coisa viva"... e eu continuo acreditando... Obrigada! Sua presença é constante em todos os meus dias!
Especialmente para a Professora Lídia Allebrandt...
Você testemunhou de uma forma intensamente linda que "letra é coisa viva"... e eu continuo acreditando... Obrigada! Sua presença é constante em todos os meus dias!
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